Por uma mudança de agenda devido a compromissos profissionais, o ator e trapezista circense, o mineiro Marcos Frota, reconhecido nacionalmente por seus personagens, um deles Tonho da Lua, na novela Mulheres de Areia, em 1993, antecipou sua participação no I Seminário sobre Dependência Química na Serra Catarinense, se apresentando no início da tarde desta quarta-feira (26), no Salão de Atos da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).
O ator desenvolve o projeto Universidade Livre do Circo (Unicirco), concebido há 25 anos e dirigido por Marcos, com programas e ações artísticas, sociais e pedagógicas, tendo como eixo a milenar arte circense. “O passo inicial está sendo dado aqui hoje. Tem gente séria, capacitada sobre um assunto delicadíssimo. Devem-se compartilhar as responsabilidades. O universo artístico pode ser decisivo como contribuição. Devemos aceitar nossas próprias deformações de conduta, de caráter, e ter coragem, o que significa agir com o coração”, define.
Conforme ele, todas as ações relativas à dependência química devem ser propositivas ao diálogo. “Tudo deve desaguar na possibilidade da conversa, despida de preconceitos e julgamentos. É muito fácil apontar o dedo para a cara dos outros e julgar. Deve-se afastar a hipocrisia e a ganância, que levantou a barreira do ódio, o que vem provocando uma violência insuportável. O que mais se exige desta geração é a lucidez total. Uma limpeza de alma e coração. Canais abertos de comunicação. Quando você está confuso com a sabedoria sobre o alimento, sobre a própria sexualidade e se está tomado pelas drogas, acaba se aproximando do problema. Nossas gerações futuras precisam ter esta compreensão interna”, reflete.
Preocupação com as gerações futuras
De acordo com o artista, é preciso lutar para que esta - e a futura - geração não se perca nas drogas. Para Marcos Frota, usuários de crack, por exemplo, não devem ser tratados com desprezo. “As pessoas costumam olhá-los como se estivessem à margem e não fizessem parte do cenário social”, complementa, ao frisar que a espiritualidade serve como um dos alicerces. Para ele, o garoto que carrega a espiritualidade despertada não precisará das drogas. “É uma questão de escolha. A droga parece ‘libertadora’, traz humor, uma caminhada diferente. Naqueles instantes ela é boa, mas e depois? Isso deve ser enfrentado com maturidade pela família, pelos gestores públicos e educadores”, destaca.
Ele fala que muita gente troca, hoje em dia, o contato espiritual pelos computadores. “Jovens, cuidado com o computador. O inevitável encontro com Deus não se dá através de uma máquina. Não se pode simplesmente ligar uma máquina e achar que somos donos de todas as verdades. Existem verdades que vêm através da reflexão, silêncio, prece e doação”, sintetiza.
Filme sobre Irmã Dulce
O ator divulgou o filme que está produzindo, sobre Irmã Dulce, a qual denomina o Centro de Atenção Integral à Criança (Caic), em Lages, no bairro Guarujá. “Ela está fazendo 100 anos, mas não será um filme religioso. Vai falar sobre a coragem dela de enfrentar as instituições”, finaliza.