Fatores climáticos interferem na safra agrícola 2021-2022


Categoria Agricultura
Publicado em 27/05/2022




Mesmo assim, os agricultores da Coxilha Rica e de Santa Terezinha do Salto estão otimistas com a produção obtida e com a lucratividade das lavouras, resultado de boas práticas de manejo e valorização do preço dos grãos. Os agricultores contam com completa assistência técnica e de comercialização de cereais de duas principais cooperativas agrícolas: a Copercampos e a Cooperplan

Neste final do mês de maio os agricultores lageanos ainda não concluíram a colheita das lavouras de soja e milho da safra 2021-2022. Isso devido aos períodos de chuvas ocorridos sucessivamente em abril e maio. Com isso, a colheita da soja atrasou em cerca de 20 dias, apresentando perdas, porém consideradas pouco significativas, na qualidade e produtividade dos grãos.

No início desta última semana do mês de maio, restava em torno de 20 a 30% dos plantios nas lavouras e os agricultores aproveitaram os dias de sol para intensificar a finalização da colheita.

O volume de chuvas foi muito expressivo, nos meses de março (140mm), abril (150mm) e em maio (300mm), provocando o atraso na colheita da soja, um dos cereais mais cultivados nas regiões da Coxilha Rica e de Santa Terezinha do Salto Caveiras. Nessas áreas, planta-se também o milho, feijão, na safra de verão, e mais o trigo, triticale e pipoca, além de aveia e azevém.

As chuvas prolongadas, e em excesso, causaram sérios problemas nas estradas. O transporte da safra feito com caminhões graneleiros, de grande porte, bem como o trânsito das máquinas agrícolas, ficou muito prejudicado com o surgimento de borrachudos (atoleiros) em determinados pontos das estradas. Já o trânsito de caminhões de cargas, em geral, transitando em dias de chuvas e com excesso de cargas agravou seriamente a trafegabilidade.

Equipes de manutenção de estradas e pontes foram mobilizadas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, da Prefeitura de Lages, porém nos dias de intensa chuvarada os trabalhos tornaram-se inviáveis, sendo retomados posteriormente, quando as condições do tempo permitiram.

“Temos mantido duas equipes de servidores públicos com máquinas necessárias para os serviços de manutenção das estradas da Coxilha Rica, enquanto que a demanda, no geral, compreende a realização de trabalhos em 2.049 quilômetros de estradas vicinais, no município de Lages”, explica o secretário da Agricultura e Pesca, Thiago Cordeiro.

Produtores avaliam safra

O agricultor Osvaldo Uncini, pioneiro na produção de cereais, em larga escala, mantendo lavouras tanto na Coxilha Rica como em Santa Terezinha do Salto, disse que embora tenha havido influência negativa do clima, as perdas na atual safra não foram significativas.

“A soja colhida fora de época devido às chuvas, tem perda na qualidade (grãos menores) e na produtividade. Os plantios feitos no cedo (soja de ciclo curto) foram os mais atingidos. Já a soja plantada mais tarde (de ciclo longo) foi menos afetada. A perda é de 10 a 15%. Mas não foi uma perda geral na produção, pois nem todas as lavouras foram atingidas. Aqui na nossa região as perdas foram menores se comparadas a outras regiões do Brasil”, avalia Uncini.

Um dos pioneiros no plantio de cereais na Coxilha Rica, Jandir Rodrigues, disse que a safra 2021-2022 será compensadora, por conta da utilização de boas práticas de manejo das lavouras, como rotação de culturas e correção do solo, por exemplo.

“Tivemos um atraso de 20 dias na colheita da soja, por causa das chuvas. Na soja plantada no cedo (em outubro) tivemos uma perda de 20 sacas por hectare, em média. Mas isso é compensado com o bom manejo, escalonamento de épocas de diversificação de culturas, pois o que se perde em um plantio, pode ser recuperado em outro”, fala o agricultor.

Jandir Rodrigues é gaúcho, tendo descoberto a Coxilha Rica há 15 anos, num sobrevoo de avião, quando veio para Santa Catarina prospectar terras para o plantio no município de Painel. Hoje, ele cultiva na Coxilha Rica a soja, feijão, milho, triticale, aveia e trigo.

Para José Carlos Sell (Zé das Pipocas), também um dos primeiros a plantar soja nessa região, a safra não foi fácil, por causa dos problemas climáticos. Mesmo assim, ele não tem muito a reclamar da produção. “Tivemos uma perda de 35% na produtividade da soja do cedo (de ciclo curto), plantada em 25 de outubro de 2021. Enquanto isso, a soja plantada em 15 de novembro (de ciclo longo) terá maior produtividade. Isso compensa. A safra do feijão, que plantamos na resteva (palhada) do trigo, teve produção e produtividade normal”, comemora.

O que mais se perdeu, nesta atual safra, segundo relata Zé, foi com o milho: 40% da produtividade, em decorrência da estiagem de dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

“Agora nos meses de junho e julho plantaremos aveia preta, usada no pastoreio, e também a aveia branca. Esta aveia é utilizada na alimentação humana, e para isso precisa atingir PH acima de 50. Aqui na Coxilha Rica, em função das terras de altitude de até 1.200 metros pode-se alcançar PH 55. Aí já se fala de aveia de alta qualidade, própria para exportação”, comenta.

“No final de julho, na palhada da aveia plantaremos o trigo (300 hectares) e esperamos uma boa colheita”, conclui Zé das Pipocas.

Avaliação técnica

O agrônomo das duas unidades da Copercampos, localizadas na região da Coxilha Rica, o engenheiro Emanuel Mattos, apresenta em números a estimativa de colheita da safra 2021/2022, e faz a seguinte avaliação dos principais cultivos realizados no período:

“Nessa safra 21/22, a soja plantada em outubro e de ciclo mais curto, foi mais afetada com a estiagem, já a soja plantada em novembro e com ciclo mais longo, foi menos prejudicada por esse estresse hídrico. Estima-se que haverá uma quebra de 20% nestas lavouras de soja. O maior problema foi na cultura do milho, onde as estiagens de dezembro e janeiro afetaram diretamente a polinização do milho, que é o momento que a cultura está mais suscetível a estresse hídrico. As lavouras de feijão terão, no geral, 35% de perda de produtividade, e o milho, no geral, 60% de quebra na safra. Mesmo assim, podemos acreditar em perspectivas de desenvolvimento e lucratividade nas lavouras”, segundo comenta Emanuel Mattos.

Ele continua: “apesar da estiagem e de aumento dos custos de produção (devido a uma série de fatores), com boas práticas de manejo (das culturas agrícolas), planejamento e capricho, é possível ter boa rentabilidade na lavoura”.



Números e estimativa de colheita da Coxilha Rica (Lages-Capão Alto/SC) – safra 2021/2022

Soja:

Área Plantada – 6.000 hectares

Produção – 16.200 toneladas (270 mil sacos)

Quebra de Safra – 20%

Feijão:

Área Plantada – 1.000 hectares

Produção – 1.200 toneladas (20 mil sacos)

Quebra de Safra – 35%

Milho:

Área Plantada - 2.500 hectares

Produção – 9.000 toneladas (150 mil sacos)

Quebra de Safra – 60%

Trigo (safra inverno 2021):

Área Plantada – 500 hectares

Produção – 1.620 toneladas (27 mil sacos)

Fonte:



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